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"Praia"

O calor chegou! Venham daí as noites insuportáveis, as noites mal dormidas, as noites escaldantes em que toda a nossa cama parece lava. 

O verão ainda não chegou mas já está aí a porta, com ele inicia-se em muitas praias do país, o quê? A época balnear! A época em que toda a gente fala do mesmo, “epá tá tanto calor e eu aqui a trabalhar” de fato, o calor convida uma visitinha à praia, mas para pessoas como eu que não gostam de praia, esta altura do ano é só uma forma de me sentir um frango dentro do forno. Quando as pessoas me perguntam se eu gosto de praia e eu respondo que não, a reação delas é “o quê? Tu és anormal ou quê?” na verdade sou bastante normal, o que há para gostar na praia? Não se consegue andar porque a areia queima os pés, logo aí impede-nos de fazer uma coisa que os humanos fazem muito bem…andar! Está sempre cheia de pessoas, e não são pessoas normais, é sempre uma família de gordos quase todos nus e com uma criança com a zona genital toda a descoberto e apontada para ti. Às vezes acho que estou a ser duro demais com as minhas considerações, mas logo a seguir lembro-me, nem para beber uma cerveja estou tranquilo, as cervejas custam o triplo porque a nossa praia embora seja em Portugal não é para Portugueses. A praia é o maior esgoto do mundo, os rios que estão poluídos vão desaguar onde? No mar, e andamos nós todos contentes a nadar lá, “Mãe! Estou tão feliz! Estou a nadar num mar de excrementos! É um sonho tornado realidade!” além do mais, onde é que acham que os peixes fazem as necessidades? Nunca viram um peixe sair do mar atravessar a praia e ir à casa de banho pois não? Já que se fala nisso, a maioria dos humanos também não faz isso. E quando se passa por todo este inferno e encontramos finalmente um cantinho para nós, para ficarmos a descansar, ouvindo as ondas do mar, eis que surge aquilo que mais me irrita…EMIGRANTES! São barulhentos, são malucos, têm uma malinha na cintura e apesar de estar no estrangeiro há meia dúzia de dias já não sabem falar Português, claro que as geleiras vão invadir o teu espaço pessoal, as discussões vão ser constantes, e aquilo que mais odeio… as conversas, “fui noutra dia a…como se diz ah…. Aquila… ah….” E no meio desta conversa o miúdo todo nu, vamos chamar-lhe Rúben, já está no mar sozinho há meia hora, e os pais lembram-se de o chamar aos berros “Reuben! Arrete putan! Vien en ci Reuben!” .

Podem tentar defender a praia ao máximo, dizer que é divertido, que se joga raquetes, que se joga à bola, que se atira discos, que se bronzeia, mas no fundo no fundo, a praia é um inferno não só pelo calor, mas pelas pessoas que a visitam.

PS: Este texto é mais curto porque estou a fazer de babysitter do Rúben.