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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Às Quartas com os Outros - Parte 1

Tenho que vos contar uma história! Não que ela seja agradável de se ouvir, ou que eu tenha orgulho nela, mas cheguei à conclusão que mantê-la em segredo não vai ajudar ninguém. E sim, sendo eu uma pessoa desconfiada, tenho até vergonha que tal situação me tenha acontecido. Mas bom… isso só prova o quanto eu fui muito bem enganada!
Há uns tempos atrás, fui abordada por um amigo virtual, que já seria amigo há bastante tempo. (Amigos daqueles que não conhecemos, mas que andam por aqui, e não deviam… Bom, adiante…) Terá estado numa mesma festa que eu, e resolveu vir dizer-me isso mesmo, por msg, no facebook. E sim, eu até tinha a sensação de ter visto aquela pessoa ou muito parecido nessa mesma festa, e a pessoa que estava comigo (que por acaso era a minha mãe) também.
Pelo que sei agora, isso terá sido apenas um pretexto muito bem elaborado para se começar um grande filme…
Esse amigo, ao que me pareceu de início, precisava de alguém a quem contar os seus problemas. Então, começou por me contar, que era vítima de uma das doenças mais preocupantes deste mundo, a leucemia. Uma história que me emocionou bastante!!
Tinha um filho, pequenino, com o qual tentava passar mais tempo possível, uma mãe que era o seu suporte emocional, e um irmão um tanto ou quanto desequilibrado.
Em pouco tempo, soube a história da sua vida, a qual as suas fotografias e amigos de facebook confirmavam. Não havia margem para dúvidas que seria uma fase difícil da vida daquela pessoa. Tratamentos, viagens ao estrangeiro, dias sem levantar da cama, outros tantos dias inconsciente (nos quais os amigos estavam sempre presentes, e me tentavam avisar, por msg no facebook, através da sua conta pessoal).
Ora eu, senti-me numa posição também delicada, e tive mesmo pena daquela situação. Pensava que as pessoas não mereciam tamanho sofrimento! O tempo foi passando, e tornei-me um apoio emocional, um suporte de força para ele… com o qual eu não me importava muito, e sempre pensei que fazia o correto: tentar ajudar aquela pessoa a atravessar um momento mau da sua vida.
No entanto, a simpatia dele foi se alterando e começaram a surgir exigências! Apercebi-me que, talvez a doença lhe pudesse estar a consumir o perfeito juízo! As conversas que tentava ter de apoio para com ele, já não funcionavam, e havia jogo emocional da parte dele, para tentar controlar toda a minha vida!!
Amigos meus que deixaram de ser amigos, por causa de msgs que recebiam dele com histórias inventadas que faziam com que essas pessoas se afastassem de mim. Ciúmes? Sim, teria ciúmes dos meus amigos que conhecia virtualmente… os quais fez de tudo para afastar de mim! Com alguns, resultou, com outros não foi bem assim! Ainda assim, perdi pessoas importantes….
Importa salientar que, devido à doença dele, nunca houve possibilidade de nos vermos pessoalmente, havia um suporte emocional à distância, que eu tentava dar àquela pessoa, que eu e a minha mãe tínhamos a sensação de ter visto naquela tal festa…
Bem, a história começou a tornar-se demasiado complexa, e fui persuadida a dizer coisas que nem por isso queria dizer, ou fazer, porque caso contrário “não me importava com o bem-estar dele, nem em fazê-lo sentir-se melhor, e nem sequer queria saber se ele estava a morrer” (palavras dele). E, sempre que tentava um afastamento, lá vinham os amigos virtualmente dizer-me que ele não estava bem, e que eu tinha que continuar a prestar-lhe o mesmo apoio, sob risco de ele falecer em breve como se esperava, e o peso de consciência sobrasse para mim. E pronto, lá tentava eu que o rapaz estivesse bem, e que pelo menos o fim de vida dele, não fosse um peso pra mim. Eu só queria ficar com a consciência tranquila, e transmitir-lhe coisas minimamente agradáveis até ao fim da sua vida.
Ao fim de algum tempo (meses depois), o seu estado de saúde complicou-se demasiado, tendo inclusive ido para Alemanha para tratamento, onde a sua mãe terá falecido de acidente de viação! Mais um desastre! Mais uma conversa, um apoio, uma tentativa de transmitir apoio e força… mas não foi fácil. Ele só tinha a mãe que o apoiava e que tomava conta do filho dele…
Alguns dias depois do suposto funeral da mãe, ele terá sido submetido a mais uma cirurgia, a fim de tentar recuperar as funções hepáticas, mas sem muito sucesso. Já não teve saída hospitalar, e o internamento foi se mantendo por muito tempo…
Resolvi visitá-lo, então, para o conhecer, e assim me despedir dele! Avisei-o que ía no sábado seguinte e, segundo ele disse, os médicos deram autorização que recebesse a minha visita no hospital.
Pedi a companhia de uma amiga que sempre soube da história desde início, e lá fomos para Lisboa, para a visita…..

Não percas o próximo episódio (amanhã), porque nós também não! 


Joana Chambel
26 anos
Ponte de Sor
Educadora Social


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